sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quem és: as estrelas respondem.


Eram 01h15min da manhã. Meus dois cômodos sem janelas não me continham e eu não cabia neles. Precisava ver as estrelas. Fui então para o quintal da vizinha, eu sei que Deus perdoa essa. Deito sobre o chão escuro e frio, lar de possíveis insetos. 
Estico braços e pernas como uma criança que faz anjos na neve e vejo diante de mim elas se descortinarem. Um espetáculo. 
Elas começam a me responder graciosamente com a mais nobre filosofia às perguntas mais atormentadoras da humanidade:

QUEM EU SOU e PORQUE EXISTO.

A existência silenciosa delas, lembrou a minha. Só a existência. Só o brilho. Em puro silêncio cósmico.
Pareciam estar muito bem decididas sobre sua identidade. Sobre aquilo que eram. 
Estariam lá lindas, brilhantes ainda que quase ninguém as visse naquela madrugada.
Estariam lá ainda que alguém questionasse sobre sua importância, origem e existência.
Sua beleza não era diminuída pela falta de pessoas para contemplar nem seu valor diminuído por falta de pessoas que compreendessem sua existência.

Eu posso conquistar tantas coisas, e não possuir nada que realmente preciso. 
Posso ser muito para os homens e uma ameba para o universo.
Ser nada ao querer ser mais que sou.
De que valeria eu conquistar o mundo e me perder de mim mesma por achar que eu, sozinha, mesquinha, tenho respostas dentro de mim, me autorrealizo e existo só?
De que vale, se parte de mim está lá fora, se eu não existo em mim.

Se eu nunca havia me conhecido, era porque eu nunca havia me submetido ao conhecimento de Deus, do universo, da criação. Era porque eu ainda não havia me submetido ao meu lugar na constelação de sua vontade. Ao conhecê-lo, eu entendo o outro e vivo alegremente com o que já sou. Ao conhecê-lo eu chego a plenitude de minha existência.

Eu nunca serei Deus, mas eu sou parte dele para as pessoas próximas a mim. 

Elas nunca serão o sol. Mas elas sempre dependerão de sua luz para serem algo além de rochas gigantescas lançadas no espaço. Elas são parte de uma criação constantemente criativa. Nisso se autorrealizam e vivem a beleza e plenitude de sua existência.
Só há autoconhecimento, autorrealização, plenitude e satisfação se me distancio de minha própria existência, particular, mesquinha e me lanço à dança do espetáculo da criação.
Se eu não desse ouvido à voz que ontem queria me arrancar de minha mediocridade, eu jamais teria sido devolvida à minha própria existência. 
Existir integralmente é lançar-se à vida segundo a vontade engenhosa e perfeita daquele que a fez.
Existir é mais que um, é mais que ser, é mais que estar no mundo, é não viver pra si. 


    “Pois Nele Vivemos, nos movemos e existimos.” Atos 17.28

“Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas”. Romanos 1 19-20

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