terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Inveja até da lua.



Por Luna Talia

Ela está lá, inteira, com seu lume estonteante.
Eu, aqui, permaneço pela metade, com minhas dúvidas desgastantes.
Tudo bem, em três dias ela será vista pela metade, e não seremos exteriormente diferentes.
O que mais importa nessa vida mesmo é como te veem e não como você está.
Pela inveja, busco imagens que me ajudem a lembrar onde eu me deixei.
Qual esquina ou viela está a outra parte de mim que não se vê?
E quantos pedaços meus há por ai?
A quantas pessoas pertenço agora, ou seria quantas me furtam ao me pertencerem.
A vida é sempre um enigma indecifrável, mas compreensível quando se desiste de compreender.
Você possui pedaços que não são você, estradas que não são suas.
Mas este é você e este é seu caminho agora.
Mas eu aceito, ter inveja até da lua, sou do tipo que quer roubar o impenetrável e ser o impossível.
Invejo até a lua.
Paraliso minhas possibilidades mais vitais com meu desejar onírico.
Mas porque até a lua? 
Ora, se tiver que invejar algo, deve ser algo impossível, alto, longe, tipo um satélite natural de um planeta estranhamente habitado, tipo.
Dizem que inveja é falta de capacidade, a minha é força de vontade de ser sempre brilhosa, total, imensa, para o mundo inteiro, sempre.
Eu não sei ser para mim inteira quando para os outros pareço metade.
Eu preciso estar inteira, embora parte de mim não se tenha notícia.
O mundo precisa achar que sou a lua.


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