Por Luna Talia
Ela está lá, inteira, com seu lume estonteante.
Eu, aqui, permaneço pela metade, com minhas dúvidas desgastantes.
Tudo bem, em três dias ela será vista pela metade, e não
seremos exteriormente diferentes.
Pela inveja, busco imagens que me ajudem a lembrar onde eu me deixei.
Qual esquina ou viela está a outra parte de mim que não se
vê?
E quantos pedaços meus há por ai?
A quantas pessoas pertenço agora, ou seria quantas me furtam
ao me pertencerem.
A vida é sempre um enigma indecifrável, mas compreensível
quando se desiste de compreender.
Você possui pedaços que não são você, estradas que não são
suas.
Mas este é você e este é seu caminho agora.
Mas eu aceito, ter inveja até da lua, sou do tipo que quer roubar
o impenetrável e ser o impossível.
Invejo até a lua.
Paraliso minhas possibilidades mais vitais com meu desejar onírico.
Mas porque até a lua?
Ora, se tiver que invejar algo, deve ser algo
impossível, alto, longe, tipo um satélite natural de um planeta estranhamente
habitado, tipo.
Dizem que inveja é falta de capacidade, a minha é força de vontade
de ser sempre brilhosa, total, imensa, para o mundo inteiro, sempre.
Eu não sei ser para mim inteira quando para os outros pareço
metade.
Eu preciso estar inteira, embora parte de mim não se tenha
notícia.
O mundo precisa achar que sou a lua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário